• A minha cura

    A hipnose sempre me pareceu uma arte usada para fins duvidosos. Afinal, os únicos contactos que costumava ter com esta terapia eram programas televisivos em que pessoas faziam figuras ridículas ou diziam os seus segredos sem se aperceberem do que estavam a fazer. Reconheço que cedi à facilidade de fazer um juízo errado sem me esforçar para pesquisar informação, confundindo o mensageiro com a mensagem, tal como tantos fazem ao negar Deus devido a práticas religiosas duvidosas ou ao criticar o conceito da democracia por causa de abusadores da mesma.

    Quando uma das minhas melhores amigas me contou como a hipnose a estava a ajudar a emagrecer, curando ideias erradas que tinham efeitos na sua relação com a comida, despertou a minha curiosidade. ¿Sabia que a hipnose é usada para curar inúmeras fobias, desde idas ao dentista a viagens de avião?

    O consciente é apenas a ponta de um enorme iceberg e a hipnose é a forma de aceder a esse iceberg, o que nos permite encontrar causas de alguns problemas e apagá-las ou encontrar as respostas que necessitamos para o futuro de uma forma tranquila e criativa. E, não, em nenhum momento falamos do que não desejamos. A nossa atenção (ou a mente como a conhecemos) está sempre presente, embora como testemunha. Seja qual for o seu objetivo, no final de uma sessão de hipnose, a sua mente e o seu corpo estarão embebidos de uma felicidade nova e de um revigoramento incrível. 


    Custa-me que só tenha descoberto esta ciência tão tarde, quando ela me podia ter sido tão útil antes, e custa-me ainda mais que não faça parte do sistema de saúde português (embora vários médicos a recomendem). Na verdade, penso que todas as pessoas deviam ter acesso a esta técnica desde a adolescência, porque o melhor da hipnose é que a partir do momento em que aprende a usá-la, poderá fazê-lo sempre que desejar. É claro que isto depende de pessoa para pessoa, sendo que para resultados mais eficazes para grandes problemas o terapeuta deve estar presente, porque obviamente não é equivalente tentar aplicar uma técnica uniforme para diversos problemas e aplicar uma técnica específica – estudada e validada – para um problema específico.

    Por exemplo, um dia decidi tentar perceber porque é que me era mais reconfortante e até prazeroso chorar sozinha do que acompanhada. Pedi então ao meu inconsciente que me levasse ao momento onde pela primeira vez tal aconteceu e, embora eu já tivesse revisitado esse momento de modo consciente, nunca me tinha apercebido que tinha sido ali que tudo havia começado. Sem a carga emocional da memória, que no estado consciente é impossível de separar, consegui perceber que na verdade não houve qualquer conforto ou prazer naquele momento inicial. Apenas assim aconteceu, porque eu não tinha ninguém com quem chorar. Este simples passo, que dei através da auto-hipnose, fez com que deixasse de ter qualquer prazer em chorar sozinha.

    Em todo o caso, um verdadeiro especialista em hipnose dir-lhe-á que serão necessárias poucas sessões (dependendo, obviamente, do que desejar tratar) e que o objetivo não é ser eternamente acompanhado, como em outras terapias, mas receber instrumentos. Sim, porque por mais eficaz que seja uma sessão, deverá realizar o trabalho de casa sugerido.

    Nas minhas sessões, tive oportunidade de, por exemplo, regressar ao momento em que a SCI chegou, criar um mecanismo mental para “limpar” o meu corpo de enfermidades, instalar uma espécie de luva anestésica para situações de emergência e imaginar-me feliz numa situação que normalmente me assustaria, como fazer reportagem.

    Créditos: Dan / FreeDigitalPhotos.net

    Foi engraçado constatar que, tal como descreveram pessoas com outros problemas, os meus resultados não tiveram efeitos imediatos (o que me fez duvidar de mim mesma), ou melhor, foram notados mais tarde e por acaso. Depois de finda a terapia, não passei a entrar em todos os autocarros de longa viagem. Francamente, essa ideia ainda me assustava. Mas, cheia de coragem e alegria, lá fui progressivamente embarcando em coisas menos radicais e, como era de esperar, tudo correu lindamente. Deixar de ir sete vezes à casa de banho antes de sair de casa foi algo que aconteceu quase de forma imediata. O café voltou ao meu dia-a-dia, bem como muitas outras comidas menos inofensivas do que o leite (no meu caso, o grande inimigo).

    Mais tarde, em plena crise económica, demiti-me do meu emprego de jornalista de rabo sentado e passei a fazer reportagens como freelancer, inclusive mudando a minha residência para um país em desenvolvimento do outro lado do mundo e, assim, tentar cumprir o meu sonho.

    Nos primeiros meses, enfrentando problemas intestinais por causa do processo de adequação a água e alimentos diferentes e mesmo sendo obrigada a viajar inúmeras vezes de autocarros intercidades, tive de fazer uso de muitas das técnicas aprendidas em hipnose, o que, de algum modo, me fez sentir em vantagem em relação a outros viajantes.

    Na mesma altura, bebi um ‘shot’ e imaginei que o dia seguinte seria passado no chão da casa de banho cheia de tonturas, como sempre acontecia sempre que tocava num pingo de álcool, mas nada de errado aconteceu. Meses mais tarde, bebi um cappuccino e o desfecho foi o mesmo. Passei inclusive a comprar leite frequentemente e o meu organismo nunca mais voltou a manifestar sintomas de SCI.

    Não nego que talvez o leite seja diferente, que a sorte me tenha visitado no dia do ‘shot’ ou que a minha maior proximidade com Deus, que me faz dar valor a coisas mais importantes e a tentar seguir o meu sonho/missão com total entrega como se não houvesse amanhã, seja útil. 

    A SCI é psicossomática e eu acredito piamente que o facto de não me lembrar dela (porque tenho algo mais importante para fazer na Terra e não é uma síndrome que me vai travar) me traz vantagens. Se já lhe aconteceu querer tanto algo e só o conseguir quando pouca diferença lhe faz consegui-lo ou não, sabe do que estou a falar.

    Porém, também não esqueço os dias em que perdi a tentar ser feliz e a ser travada pela SCI comparados com os dias presentes, em que só me lembro da SCI para escrever. Negar o lado milagroso desta parte da minha história seria ingrato. Perdoe-me se não é crente e se desconfia que estou a tentar atraí-lo para algo que não quer. Não é esse o meu propósito.

    Peço-lhe apenas que compreenda que, desde que atrai a minha maravilhosa terapeuta de hipnose e que Deus me deu a coragem para seguir os meus sonhos, bem como a possibilidade de cumpri-los, não posso negar a Sua ajuda e o Seu investimento em mim. Negá-lo seria negar a minha verdade e a minha existência.

6 comentários:

  1. Anónimo disse...

    Olá Andreia, o seu blog é muito interessante!
    Descobri à pouco que padeço da doença e estou a considerar fazer hipnose mas tenho uma questão, os custos das sessões são elevados?
    Cumprimentos

  2. Este comentário foi removido pelo autor.
  3. Olá Marta! Por favor, aceite as minhas desculpas por só agora responder. Tinha ideia de que o google enviava os comentários para o email, mas este deve ter-me escapado. Na altura (há cerca de 4 anos), eu pagava 60€ p consulta, mas era num espaço no centro de Lisboa e com uma terapeuta reconhecida e que frequentemente fala sobre o tema na TV. Se eu tivesse seguro de saúde, poderia ter apresentado as facturas. Desculpe, mas não tenho ideia da média dos preços... Já encontrou alguma informação? Cumprimentos, Andreia

  4. Susana disse...

    Ola Andreia. Tudo bem. O meu nome é Susana. Enviei-lhe um email. A sua historia fez me pensar que tb posso conseguir ulttapassar isto. Gostava de falar consigo. Via skype ou por email.onde fez os tratamentos?podemos trocar ideias? Muito obrigada.

  5. Susana disse...

    Andreia bom dia. Esta tudo bem consigo? Ainda bem que se curou deste problema. Poderia me responder ao meu email.obrigada.cumprimentos. susana

  6. Olá Susana, peço imensa desculpa. Creio que na altura respondi por email, mas não tenho a certeza. Desculpe. Um abraço

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